Liberalismo e Neoliberalismo são termos que sempre estiveram presentes em assuntos políticos e filosóficos. E o cenário atual Brasileiro e mundial só fez com que esses termos ficassem ainda mais quentes.

Então vamos entender melhor como funciona e o que significa esses conceitos.

Liberalismo Clássico

O Conceito de liberalismo

Na linguagem comum costumamos chamar de “liberal” a pessoa tolerante e generosa ou a que trabalha por conta própria, como médicos, dentistas e advogados . Aqui não tratamos desses significados, mas do conjunto de ideias éticas, politicas e econômicas da burguesia, em oposição à visão de mundo da nobreza feudal. Interessava à burguesia separar Estado e sociedade, constituída esta última pelo conjunto de atividades particulares dos indivíduos, sobretudo as de natureza econômica. Essa separação reduziria igualmente a interferência do privado no público, já que o poder procurava outra fonte de legitimidade, diferente da tradição e das linhagens de nobreza

Três aspectos do Liberalismo

O liberalismo pode ser entendido com base em pelo menos três enfoques: político, ético e econômico .

O liberalismo politico

Constituiu-se contra o solutismo real e buscou nas teorias contratualistas a legitimação do poder, não mais fundado no direito divino dos reis nem na tradição e na herança, mas no consentimento dos cidadãos. Decorreu dessa maneira de pensar o aperfeiçoamento das instituições do voto e da representação, a autonomia dos Poderes e a limitação do poder central.

O liberalismo ético

Supõe o prevalecimento do estado de direito, que rejeita o arbitrio, as prisões sem culpa formada, a tortura, as penas cruéis e estimula a tolerância para com as crenças religiosas; para tanto, defende os direitos individuais, como liberdade de pensamento, expressão e religião.

O liberalismo econômico

Opôs-se inicialmente à intervenção do poder do rei nos negócios, exercida por meio de procedimentos típicos da economia mercantilista, como concessão de monopólios e privilégios. A teoria da economia liberal consolidou – se com o escocès Adam Smith ( 1723 – 1790 ) e o inglês David Ricardo ( 1772 – 1823 ), que defendiam a propriedade privada dos meios de produção e a economia de mercado fundada na livre – iniciativa e competição.

” Lá vai o catador de papel da rua… ” Foto: Cícero R. C. Omena

Liberalismo social

O ideal do Estado não intervencionista, que preconiza o mercado livre para sua autorregulação, constituiu a grande meta do liberalismo clássico, fundado pelos pensadores contratualistas do século XVII . Trata-se do Estado minimalista.

Vejamos como a teoria liberal assumiu posições diferentes por conta da inclinação ora para a defesa das liberdades, ora para a igualdade de oportunidades, conforme as circunstancias das exigências econômicas, sociais e políticas, No século XX, surgiram tendências como liberalismo de esquerda, socialismo liberal ou liberal-socialismo, o que pode parecer uma extravagancia pela ambiguidade ao unir conceitos contraditórios, aparentemente inconciliáveis: o livre mercado e o controle estatal da economia. De fato, extremas desigualdades sociais levaram alguns a admitir que a ênfase na economia livre deveria ser atenuada, a fim de ampliar a igualdade de oportunidades.

A reformulação dos principios do liberalismo decorreu de acontecimentos históricos como a quebra da Bolsa de Nova York, em 1929, que marcou a década de 1930 pela depressão econômica: falências, desemprego e inflação geraram graves tensoes socials. A crise do modelo capitalista desencadeou a experiência totalitária na Alemanha e na Itália, enquanto a Inglaterra e os Estados Unidos buscaram soluçoes diferentes que pudessem evitar tanto o perigo do nazismo como a tentação do comunismo.

Novas medidas tomadas encaminharam o liberalismo para a tendencia que podemos chamar de liberalismo social teoria que revê o papel do Estado na economia.

Neoliberalismo

Teorias de intervenção estatal na economia deram sinais de desgaste em razão de frequetes dificuldades dos Estados em arcar com responsabilidades sociais assumidas. Desde a década de 1940 , alguns teóricos, como o austríaco Friedris yon Hayek ( 1899 – 1992 ), defendiam o retorno de medidas do livre mercado. Antikeynesiano por excelência, Hayek acusava o Estado previdenciário de ser paternalista, criticando nele a “miragem da justiça social “.

Para retomar o ideal do Estado minimalista , o neoliberalismo pretendia restringir a ação do Estado a policiamento, justiça e defesa nacional, o que, de acordo com os neoliberais, implicaria seu fortale cimento devido à redução dos pesados encargos socials de outros setores .

Durante a década de 1980, Estados Unidos e Inglaterra, respectivamente com o presidente Ronald Reagan ( 1911 – 2004 ) e a primeira – ministra Margaret Thatcher ( 1925 – 2013 ), representaram a nova onda neoliberal. No Brasil, no mesmo período, essa tendência confirmou – se com a privatização de instituições estatais e o fim da reserva de mercado, procedimento este que impedia a compra de produtos estrangeiros, com a intenção de garantir a produção nacional. Porém, entre nós, contraditoriamente, o processo esbarrava em outras medidas de nitida intervenção estatal, como sucessivos planos heterodoxos de controle da economia para conter a inflação.

Os liberals regozijaram – se com a derrocada do socialismo após a queda do muro de Berlim, em 1989, e contrapuseram ao fracasso da economia planejada do socialismo real o pretenso sucesso da economia de mercado. E o que é, afinal, o “capitalismo real” ?

É importante reconhecer os enganos do socialismo real, mas também o fato de que o capitalismo não reflete apenas luzes. O lado sombrio fez parte de sua expansão: colonização da América do século XVI ao XVIII: imperialismo na África e na Asia no século XIX: implantação de multinacionais nos países não desenvolvidos no século XX: acordos do Fundo Monetário Internacional (FMI) com paises mais pobres, transformados em eternos devedores, Laços de dependência económica sempre resultaram em recorrente dependência política. De fato, ao indicar os paises mais ricos do mundo, não se conta sequer uma dezena entre as nações existentes.

Fonte: Filosofando: Introdução à Filosofia – Editora Moderna.

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