Reserve 15 minutos por dia para estudar e aprender a interpretar os gestos das pessoas e adquirir uma percepção consciente dos seus próprios gestos. Os melhores locais para o aprendizado são aqueles em que as pessoas se encontram interagem. Um aeroporto é um lugar muito bom para observar toda a variedade de gestos humanos, como manifestações de ansiedade, raiva, tristeza, felicidade, impaciência e diversos outros sentimentos. Eventos sociais, reuniões de negócios e festas são terrenos férteis para estudos, e assistir a televisão também é uma excelente forma de aprimoramento.
Abaixe o som e tente compreender o que está acontecendo apenas pelas imagens. Se você aumentar o som após alguns minutos, poderá verificar se sua interpretação não verbal foi correta. Em pouco tempo você será capaz de assistir a um programa inteiro sem nenhum som e, assim com os deficientes auditivos, compreender o que está acontecendo. Outra dica é usar uma câmera para filmar a si mesmo fazendo uma apresentação, mostrar o vídeo a seus amigos e colegas com o som desligado e pedir a eles que avaliem o seu desempenho.
Um guia rápido para a linguagem corporal
Aqui está um guia de referência para alguns dos sinais mais comuns da linguagem corporal, provavelmente você vai se identificar com alguns deles.
Braços cruzados
Algumas observações e origens:
Cruzar os braços na frente do corpo indica uma atitude distante e não receptiva. É um gesto natural e 70% das pessoas cruzam o braço esquerdo sobre o direito. É praticamente impossível aprender a cruzá-los do outro jeito. Ao que tudo indica, esse gesto visa proteger o coração e os pulmões de ataques. A maioria dos primatas também o faz por esse motivo: "Convencer este homem não será fácil"
Pesquisas revelam que as pessoas da plateia que adotam essa postura durante uma palestra conseguem lembrar 38% menos do que é dito do que aqueles que se sentam de forma mais descontraída. Ao serem indagados sobre a atuação do apresentador, os que cruzaram os braços usaram mais frases mais curtas, desviaram mais os olhos, recostaram-se com mais frequência na cadeira e foram mais críticos com o desempenho do apresentador do que os demais ouvintes.
Esse gesto também tem diversas variações sutis, como cruzar um só braço; segurar a própria mão, o que parece ser um vestígio da época em que seus pais seguravam a sua mão quando você ficava nervoso; e segurar um objeto com as duas mãos. O objetivo de segurar uma bolsa, um copo ou uma pasta com as duas mãos é obter uma sensação de segurança ao ter os braços na frente do corpo. Mexer o anel, no relógio ou na abotoadura com a outra mão produz o mesmo efeito.
A figura abaixo mostra o homem da esquerda usando um grupo gestual num contexto correto. Virou a cadeira criando uma barreira de proteção contra o rapaz sentado a sua frente (hostilidade masculina) e está olhando fixamente para ele com as mãos entrelaçadas (transmitido uma ideia). O homem do lado direito nessa situação está retraído com as mãos e as pernas cruzadas, ele não está se sentindo muito confortável com a situação. Enquanto isso, o homem sentado a frente apenas observa com as mãos atrás da cabeça (tranquilidade), analisando a situação.
Causa X Efeito
Digamos, por exemplo que uma pessoa tenha uma atitude negativa, defensiva, não participante ou hostil. É grande a chance de ela sinalizar de maneira não verbal o que está sentindo cruzando os braços sobre o peito. Também sabemos pela pesquisa que, quando uma pessoa está com os braços cruzados, ela retém cerca de 40% menos do que é dito e a sua avaliação se torna mais crítica.
Tente esta simples experiência: sente-se e cruze os braços sobre o peito. Como se sente? Contido? Excluído? Não participante? Pesquisas mostram que, se você cruzar os braços por qualquer motivo, começará a sentir os efeitos negativos desse gesto. É uma circunstância de causa e feito. Mesmo que você não acredite que o ato de cruzar os braços seja um sinal negativo, seu interlocutor estará inconscientemente vendo você como reprovador ou inacessível.
Tocar o rosto com a mão
Algumas observações e origens:
Todos os pesquisadores que investigam os vários tipos de toque no rosto concordam que ele está relacionado a sentimentos negativos. Os ocidentais e a maioria dos europeus o fazem com mais frequência quando estão mentindo. Este não é o caso dos asiáticos, que evitam tocar a cabeça por motivos religiosos e aumentam o movimento dos pés quando mentem.
O gesto de cobrir a boca com a mão ao mentir é comum em crianças, mas também pode ser visto em adultos. O ato de mentir aumenta a sensibilidade nasal e isso pode resultar num simples toque no nariz. Cobrir os olhos com as mãos nos impede de ver o que não queremos ver ou aquilo em que não acreditamos e é a origem do gesto de esfregar o olho.
Puxar ou massagear o ouvido e coçar a lateral do pescoço sinalizam que a pessoa está indecisa ou cética a respeito do que está sendo dito.
A palavra final
A linguagem corporal se assemelha a um quebra-cabeça — a maioria de nós possui muitas peças, no entanto unimos todas elas para formar uma imagem. Lembre-se sempre da regra número 1 da linguagem corporal: não interprete gestos isoladamente, procure sempre observar um grupo gestual. Não esqueça de levar em consideração o contexto dos sinais e as diferenças culturais.
Ser capaz de interpretar a linguagem do corpo significa poder enxergar o óbvio nas situações do dia a dia.
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