O vídeo de uma “trollagem no supermercado” viralizou na internet neste fim de semana.
O vídeo mostra uma série de cenas em que um rapaz de camisa amarela joga uma toalha na cabeça de pessoas aleatórias ao mesmo tempo em que joga uma outra toalha na própria cabeça.
O resultado é esse que você viu e provavelmente achou engraçado.
Na verdade, qualquer piada, para ser engraçada tem que ter um elemento fundamental, que é a expectativa. A expectativa precisa ser quebrada para que a cena se torne engraçada.
Foi justamente isso que aconteceu nesse vídeo. Todos nós assistimos com a espectativa de que as pessoas ficariam obviamente bravas pela ousadia do rapaz, porém, esse efeito é cancelado por conta de um fator inesperado e talvez inerente ao ser humano:
A empatia
Se não tivesse outra pessoa ali, a pessoa ficaria brava? E, tendo outra pessoa, mas que passa pela mesma situação ela também não fica brava, como o vídeo mostra. Mas se a outra pessoa não tivesse na mesma situação ela ficaria brava.
Ou seja, as pessoas não ficam irritadas porque elas sentem empatia ao ver outra pessoa passando pela mesma situação.
“É o mesmo efeito de ter um problema e saber que seu amigo também está passando pelo mesmo problema. Torna suportável”. – Comentário retirado do Twitter.
Um dos principais psicólogos sociais que estuda a empatia, Daniel Batson, aponta que, embora as definições de empatia variem, todos compartilham a visão de que a empatia é um processo pelo qual experimentamos e compreendemos os sentimentos dos outros, e que pode nos mover a responder de maneiras atenciosas e preocupadas.
Isso abre um convite para falarmos sobre empatia, que não é imaginar como você se sentiria no lugar do outro. Isso é impossível. Empatia é imaginar e tentar entender o que a outra pessoa se sente.
A diferença entre pensar sobre si mesmo na situação do outro e pensar sobre a outra pessoa nessa situação é muito grande e exige habilidades mentais bem desenvolvidas e diferenciadas.
O primatologista holandês Frans de Waal chamou a empatia de “cola” que mantém a humanidade unida. A empatia é o que liga os seres humanos de forma significativa aos outros.
Quando amigos, parceiros, colegas de trabalho, até mesmo estranhos, respondem a nós de forma a mostrar que nos compreendem, sentimo-nos afirmados e valorizados. Por outro lado, quando somos tratados como objetos, sentimo-nos diminuídos e magoados.
A empatia é a ferramenta para reconhecer e valorizar os outros. Nas sociedades, a empatia coletiva é a chave da civilização. A empatia dá às pessoas um roteiro para a moralidade e o comportamento social positivo. É um pré-requisito para valorizar e lutar por justiça.
Com empatia, quando imaginamos como o outro deve estar se sentindo em uma determinada situação, também podemos ver como gostaríamos de ser tratados se estivéssemos no lugar do outro.
Para continuar
Neste vídeo, Gustavo Gitti fala sobre empatia e abre um questionamento sobre a empatia não ser suficiente, além de explicar a diferença entre empatia, amor e compaixão.