Sonhos agradáveis, com poucas emoções podem predizer uma possível depressão pós-parto.

É o que revela um estudo recente realizado na Universidade Hebraica de Jerusalém, conduzido pelo doutor Tamar Kron, que reuniu 184 mulheres vivenciando a primeira gestação.

O procedimento do estudo foi realizado em duas etapas e envolveu duas entrevistas: A primeira etapa e entrevista ocorreram respectivamente durante o último trimestre da gestação e após 6-10 semanas após o parto.

Na primeira entrevista, as mães de primeira viagem responderam um questionário demográfico e relataram um sonho. Na segunda entrevista elas responderam um questionário geral sobre o nascimento do bebê e dificuldades e realizaram o teste EPDS, que mede uma escala de depressão pós-parto.

Após coletar esses dados, os pesquisadores utilizaram um sistema para análise dos sonhos. Esse sistema permite identificar se o conteúdo manifesto do sonho é “masoquista”

Um sonho masoquista inclui um ou mais dos 10 elementos seguintes:

  1. Uma representação negativa do eu.
  2. Desconforto físico e lesão.
  3. Impedir os esforços do sonhador.
  4. Privação.
  5. Ataque físico.
  6. Ataque não físico.
  7. O sonhador é excluído, substituído ou abandonado.
  8. Sonhador se perde.
  9. Punição do sonhador.
  10. Falha do sonhador.

Os resultados mostraram que mulheres que desenvolveram depressão pós parto tiveram sonhos não masoquistas, e mulheres que desenvolveram DPP tiveram sonhos masoquistas

O que pode explicar esse resultado contra intuitivo?

Segundo o doutor Tamar Kron, essa é uma das hipóteses:

“Uma explicação diz respeito ao trabalho emocional de se preparar para o parto. As mulheres que posteriormente não desenvolvem DPP não reprimem a ansiedade e a apreensão que são despertadas durante a gravidez. Elas portanto fazem “trabalho emocional” que as prepara para o nascimento e para a transição para a maternidade.

As mulheres grávidas que mais tarde desenvolvem DPP não se preparam pelo que vem pela frente e não fazem “trabalho emocional” durante a gravidez. Elas reprimem seu sofrimento, sua inquietação e as emoções que as incomodam.”

Exemplo de um sonho de uma mulher que desenvolveu DPP:

“Eu sonhei que eu dei à luz, e que acabou muito rapidamente, havia apenas o conhecimento de que eu tinha dado à luz … eu estava desconectada, eu não era eu, então não havia um sentimento.”

Exemplo de um sonho de uma mulher que não desenvolveu DPP:

“Ontem sonhei que tinha contrações e que minha bolsa rompeu, senti pressão e fui ao centro de cirúrgico. Senti-me pressionada, tive dores e depois acordei.

Tamar Kron ainda explica que:

“A gravidez é um estágio no qual as mulheres manifestam maior sensibilidade à experiência interna e conflitos não resolvidos desde a primeira infância. Essa sensibilidade leva a uma ênfase significativa em si durante esse período. Fantasias reprimidas e ansiedades inconscientes são despertadas.”

Fonte: https://link.springer.com/article/10.1023/A:1023397908194